Introdução
O câncer de próstata é a neoplasia mais frequente do homem, acometendo 1 em cada 8 homens durante a vida. Felizmente, o diagnóstico nos últimos anos tem sido cada vez mais precoce, sendo possível na maioria das vezes um tratamento curativo.
Mesmo com a elevada incidência e o grande interesse científico por essa neoplasia, uma importante questão ainda preocupa a população geral e a comunidade médica: afinal, é possível prevenir o câncer de próstata?
Fatores de Risco
Para responder essa questão, precisamos entender os principais fatores de risco para o câncer de próstata. De forma geral, para qualquer doença existem fatores de risco modificáveis (dieta, atividade física, exposição a drogas e medicações, etc) e não modificáveis (sexo, idade, antedecentes familiares, etc).
Alimentação, vitaminas e Bebidas
Em relação aos alimentos e bebidas relacionados com uma maior incidência do câncer de próstata, as evidências são fracas. Não existe evidência de maior aumento em pacientes com aumento de ingestão de gorduras, carnes ou alimentos processados.
Um grande estudo foi realizado tentando correlacionar a suplementação de antioxidantes (vitamina E e selênio) com uma menor incidência do câncer de próstata. Entretanto, a ingestão desses suplementos não protegeu os pacientes desse câncer.
O álcool parece ter relação com o surgimento do câncer de próstata. Homens que bebem mais, tem maior incidência desse câncer.
Estilo de vida e doenças adquiridas
Obesidade e hipertensão também parecem estar relacionados a maior incidência do câncer de próstata. Provavelmente, isso ocorre em decorrência da Síndrome Metabólica. Isso causa um estado inflamatório permanente no corpo, inclusive na próstata, favorecendo a formação do câncer.
Em relação aos hábitos sexuais, parece que pacientes que tem mais de 20 ejaculações por mês, tem menor incidência do que aqueles com menos de 8 ejaculações mensais.
Medicamentos
A industria farmacêutica investiu muito de suas pesquisas tentando encontrar uma medicação mágica que pudesse prevenir o câncer de próstata. Entretanto, somente 2 medicações foram relacionadas a uma diminuição bem discreta do câncer de próstata. Isso ocorreu com a metformina, um remédio muito utilizado em pacientes com diabetes, e com a dutasterida, medicamento utilizado por pacientes com dificuldade urinária pelo aumento benigno da próstata.
Entretanto, é muito importante salientar que nenhuma dessas medicações é aprovada para utilização com essa finalidade. Ainda não existem estudos grandes, definitivos e a longo prazo que puderam comprovar realmente esse benefício
Fatores não-modificáveis
Finalmente, especificamente para o câncer de próstata, somente 3 fatores de risco foram relacionados a sua maior incidência: idade, raça e antecedente familiar de câncer de próstata. Infelizmente, todos esses fatores não são modificáveis.
O câncer de próstata é raro em homens abaixo dos 50 anos. A maior parte dos pacientes terá o diagnóstico após os 60 anos. Hoje, apesar das várias discussões a respeito de sua utilidade, é recomendado o início do “screening” a partir dos 50 anos com PSA e toque retal anual.
Em relação a raça, parece haver um aumento da frequência nos pacientes da raça negra. Além disso, pacientes de origem africana, parecem ter uma maior agressividade do tumor. Nesses pacientes, há recomendação que o “screening” se inicie mais cedo, aos 45 anos
Em relação a influência genética na influência do câncer de próstata, parece haver uma forte tendência familiar. Isso ocorre principalmente naqueles pacientes com mais de 3 pessoas na família com câncer de próstata ou com 2 pessoas na família que tiveram o diagnóstico abaixo dos 55 anos. Muitos genes são relacionados com essa maior tendência, tais como o BRCA e HOXB13. Todo paciente que tem antecedente de câncer de próstata na família, também deve antecipar seu “screening” para os 45 anos.
Conclusão
Infelizmente, os principais fatores de risco para o câncer de próstata são não modificáveis (idade, raça negra e antecedente familiar). Além disso, podemos observar que os bons hábitos de vida, com baixa ingestão de álcool, ausência de obesidade e hipertensão, bem como uma vida sexualmente ativa, são fatores que são relacionados a uma menor incidência do câncer de próstata.
Já que não existe uma fórmula ou medicamento mágico, o que nos resta como homens é viver uma vida saudável!
Referências:
- EAU guidelines 2018. uroweb.org/guidelines
- Campbell Urology 11th edition